I SEMINARIO DE REABILITAÇÃO PSICOMOTORA: Intervenção e Enquadramento Profissional

I SEMINARIO DE REABILITAÇÃO PSICOMOTORA: Intervenção e Enquadramento Profissional
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domingo, 21 de novembro de 2010

CONTEXTOS DA INTERVENÇÃO PSICOMOTORA

Os seres humanos aprendem ao experimentar de várias formas. Experimentam os ambientes através dos sentidos (visão, audição, paladar, olfacto e tacto), das interacções recíprocas entre adultos e crianças e de acções e reacções de movimento, sendo estas interacções a base do desenvolvimento cognitivo, afectivo e psicomotor (Willig; Palma; Lehnhard; Manta; Perazzollo; Borgmann & Torres, n/d). Como tal, verifica-se uma grande importância em proporcionar uma diversidade de experiências em ambientes variados de forma a estimular a aquisição de novas aprendizagens.


Hidropsicomotricidade

Uma das formas de aplicar a psicomotricidade é no meio aquático. Consiste numa técnica em que se pretende que se realizem movimentos conscientes na água, ultrapassando os problemas motores. O ambiente aquático proporciona ao indivíduo experiências e vivências novas e variadas, favorecendo a percepção sensorial e a acção motora (Arroyo e Oliveira, 2007).Esta actividade é então estruturada pela psicomotricidade, abrangendo aspectos de motricidades fina e global, equilíbrio, esquema corporal, estruturações espacial e temporal e lateralidade, tendo em conta a consciência das relações existentes entre gesto e afectividade (Silva, 1999). Desta forma, caso as capacidades psicomotoras sejam melhoradas, as crianças poderiam podem ter maior êxito na realização de tarefas da vida diária nas quais outrora apresentavam dificuldades (Leonard, Hirschfed e Forssberg, 1991, cit. por Arroyo e Oliveira, 2007).
De acordo com Bueno (1998, p. 141), cit. por Silva (1999), "consideramos a psicomotricidade aquática como uma estimulação do indivíduo utilizando a água como meio de acção mais global por meio do movimento e da relação desse indivíduo com o espaço, com o objecto, com o outro e consigo mesmo." Por outras palavras, a actividade aquática estimula o desenvolvimento global das crianças, sobretudo daquelas que possuem algum tipo de patologia, como por exemplo, a Paralisia Cerebral. Isto acontece sobretudo devido ao facto de que na água o movimento é facilitado pela acção das suas propriedades, actuando sobre o corpo quando em imersão (Gutierres Filho, 2003 cit. Arroyo e Oliveira, 2007). Para que a actividade de psicomotricidade aquática tenha êxito, considera-se necessário planear o trabalho, estabelecendo os objectivos que se pretendem ver atingidos.
Assim, crê-se que os benefícios desta prática sejam imensos, sendo caracterizada como uma actividade estimuladora, traduzida pela acção da água e da sua temperatura sobre o corpo humano que, somado aos movimentos, ajudará a aliviar dores, espasmos musculares, diminuindo edemas (Velasco, 1994, cit. por Silva 1999).
Esta diminui ainda os possíveis atritos e as resistências dos segmentos corporais, por uma pressão gravitacional também diminuída, provocando menor impacto sobre as articulações. A hidropsicomotricidade favorece o relaxamento da musculatura em tensão, actuando no controlo e na eficácia das diversas coordenações globais e segmentares, na organização do esquema corporal, na estruturação espacio-temporal, dando também orientações para a definição da lateralização. O dinamismo e relativa estabilidade do corpo na água, unidos a uma exercitação variada de posições, ritmos diferenciados, trabalhos em grupo e materiais diversificados, leva a que ocorram respostas psicomotoras globais e específicas. A hidropsicomotricidade, para além de incidir nas capacidades de equilíbrio, também actua no desenvolvimento da imagem corporal, possibilitando ainda diversas associações sensório-motoras, favorecendo a estruturação (e reestruturação) de comportamentos. Citando Velasco (1996, p.49, cit. por Silva, 1999): "A água é o „maior brinquedo‟ existente na terra. O prazer do lúdico torna muito mais fácil toda a aprendizagem".
Outro aspecto benéfico da participação neste tipo de terapias é o facto destas serem em grupo, fomentando a inclusão, já que se brinca e partilha experiências com outras crianças e jovens (Arroyo e Oliveira, 2007). Este tipo de intervenção visa muitas vezes chegar até aspectos relacionais psicomotores, actuando no sentido de incluir e integrar todos os elementos do grupo.
De referir ainda que o exercício regular e contínuo promove a adaptação gradual do sistema cardiovascular e da musculatura esquelética, proporcionando juntamente uma diminuição dos catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) o que causa uma diminuição de frequência cardíaca e aumento de endorfinas que originam uma sensação de saciedade e bem-estar. (Simões, 1998, cit. por Silva, 1999).
Em suma, as actividades aquáticas estão associadas à psicomotricidade, uma vez que na água produzimos uma série de movimentos que beneficiam o nosso corpo e o nosso bem-estar. O equilíbrio aquático faz com que seja desencadeado um conjunto de informações que auxiliarão na adequação da imagem corporal. As músicas que podem ser cantadas durante as aulas também ajudam na memorização dos movimentos e no controlo respiratório, além de estimular o desenvolvimento da fala.
Além disso, dentro da água as crianças podem experimentar o prazer da autonomia e da independência, o que elevará a confiança e a auto-estima. Além da melhoria nos movimentos e da respiração, a natação também trabalha a socialização da criança, já que pode ser realizada em grupo.

As principais patologias com as quais a equitação terapêutica se relaciona são: a Paralisia Cerebral, Síndrome de Down, Esclerose Múltipla, Doença de Parkinson, Autismo, Spina Bífida, Distrofia Muscular e Dislexia, sendo também importante na reabilitação de AVC e traumatismos crânio encefálicos (Almeida, n/d; Coppenolle, n/d; Lima & Miyagawa, 2007).
O cavalo tem um papel preponderante relativamente ao trabalho desenvolvido não só como agente inclusivo, mas também no que se refere à superação de danos sensoriais, cognitivos e comportamentais.
Esta actividade é também muito importante na vertente psicológica, uma vez que é através do cavalo que se estabelece a interacção terapeuta – paciente, e paciente – terapeuta. E que é através do cavalo e da relação pluri-disciplinar que o paciente desenvolve a noção corporal e a lateralização, bem como o equilíbrio, modulação do tónus, maior independência, percepção visual, auto-confiança, amplitude de movimentos e melhor desempenho da marcha (Almeida, n/d; Coppenolle, n/d; Silva, n/d).
Relativamente ao cavalo, este possui movimentos rítmicos, concisos e tridimensionais, que ocorrem através da deslocação efectuada em diferentes sentidos, assemelhando-se à acção da pelve humana ao andar.
Através deste método o praticante efectua os mesmos movimentos do cavalo, tendo que manter o equilíbrio e a coordenação para conseguir movimentar as diferentes partes do corpo, atendendo às suas capacidades (Lermontov, 2004 cit. in Munaretto, 2006).

 
Equoterapia

A primeira interacção existente entre o ser humano e o cavalo selvagem, pensa-se ter ocorrido durante uma caçada na Eurásia (Leitão, 2008).
No entanto, foi na era clássica que este animal começou a ter algum significado, sendo para alguns considerado como o símbolo do desejo carnal, e da identificação do ser humano aos instintos animais, sendo para outros a imagem da sublimação e da imagem criadora, tornando-se deste modo, um importante "instrumento" cultural e terapêutico (Leitão, 2008).
O interesse por parte de alguns profissionais relativamente aos fins terapêuticos deste animal, apenas surgiu no século XX, levando a uma crescente descoberta científica acerca desta intervenção, a qual deixou de ter apenas um papel preponderante a nível motor, para se afirmar também como uma importante terapia psicológica (Leitão, 2008).
A equoterapia, também conhecida como equitação terapêutica, é um método terapêutico e que tal como o nome indica utiliza o cavalo para tal, através de uma abordagem não só no âmbito da saúde, como também a nível da educação e da equitação, tentando melhorar o desenvolvimento psicossocial de pessoas portadoras de deficiência ou com dificuldades de aprendizagem (Silva, n/d).
As principais patologias com as quais a equitação terapêutica se relaciona são: a Paralisia Cerebral, Síndrome de Down, Esclerose Múltipla, Doença de Parkinson, Autismo, Spina Bífida, Distrofia Muscular e Dislexia, sendo também importante na reabilitação de AVC e traumatismos crânio encefálicos (Almeida, n/d; Coppenolle, n/d; Lima & Miyagawa, 2007).
O cavalo tem um papel preponderante relativamente ao trabalho desenvolvido não só como agente inclusivo, mas também no que se refere à superação de danos sensoriais, cognitivos e comportamentais.
Esta actividade é também muito importante na vertente psicológica, uma vez que é através do cavalo que se estabelece a interacção terapeuta – paciente, e paciente – terapeuta. E que é através do cavalo e da relação pluri-disciplinar que o paciente desenvolve a noção corporal e a lateralização, bem como o equilíbrio, modulação do tónus, maior independência, percepção visual, auto-confiança, amplitude de movimentos e melhor desempenho da marcha (Almeida, n/d; Coppenolle, n/d; Silva, n/d).
Relativamente ao cavalo, este possui movimentos rítmicos, concisos e tridimensionais, que ocorrem através da deslocação efectuada em diferentes sentidos, assemelhando-se à acção da pelve humana ao andar.
Através deste método o praticante efectua os mesmos movimentos do cavalo, tendo que manter o equilíbrio e a coordenação para conseguir movimentar as diferentes partes do corpo, atendendo às suas capacidades (Lermontov, 2004 cit. in Munaretto, 2006).
No que respeita às características do cavalo de pode dizer-se que este deve ser:

  • Em relação à idade, entre o jovem, o adulto e o cavalo já em declínio, prefere-se o adulto, dócil;
  • Relativamente ao sexo, é indiferente mas, há uma grande preferência por machos, castrados, pois permite maior segurança em termos gerais;
  • Quanto à raça, há diferenças específicas entre as utilizadas em equoterapia;
  • Em termos de altura, para facilitar a acção dos profissionais sobre o praticante, em torno de 1,50 m;
  • Quanto à constituição  física, nos flancos deve ser discreto, as espáduas larga e musculosas e a coluna não "selada".
Em relação ao tipo de andadura, a mais adequada para a terapia é o passo, uma vez que entre o deambular humano e o do cavalo, dando informações ao praticante acerca da colocação correcta (Munaretto, 2006).
Quando caminha, o cavalo possui uma marcha de quatro tempos (pata dianteira esquerda, pata traseira direita, pata dianteira direita, pata traseira esquerda) provocando ajustes tónicos no paciente, capazes de actuar no sistema nervoso central do mesmo (Heine, 1997 cit. in Munaretto, 2006).
Existem ainda mais dois tipos de movimentos executados pelo cavalo:

  • O trote que consiste numa andadura simétrica e saltada, fixada a dois tempos. A simetria deve-se aos movimentos da coluna vertebral em relação ao eixo longitudinal. A andadura é fixada porque quase não se percebe os movimentos do pescoço, e é a dois tempos porque entre o elevar de bípede diagonal até ao regresso ao solo realizam-se duas batidas (Oliveira, 2001; Wicker, 1999, cit. in Munaretto 2006).
  • O galope, neste movimento não existe simetria entre os movimentos da coluna vertebral em relação ao eixo longitudinal. Possui três tempos porque entre o elevar de um membro ou membros associados até ao regresso ao solo observam-se três batidas. (Ladislau; Reis; Matos, 2000; Kague, 2004 cit. in Lima & Miyagawa, 2007).

    Este movimento é pouco utilizado nos programas de terapia, sendo normalmente usado no contexto desportivo (Wicker, 1999 cit. in Munaretto, 2006).

    Salas Multissensoriais

    A sala multissensorial permite a estimulação dos sentidos primários como o toque, a visão, o som, o cheiro, recorrendo, não às capacidades intelectuais, mas sim, às capacidades sensoriais. O conceito destes ambientes é proporcionar conforto, utilizando estímulos controlados e oferecer uma grande quantidade de estímulos sensoriais, que podem ser utilizados individualmente ou combinando com efeitos de música, sons, estimulação táctil e aromas.
    Alguns dos elementos que podemos encontrar numa sala multissensorial e que permitem criar artificialmente um ambiente para a atenção de estímulos específicos, produzir aprendizagens, conjugar e estimular ao mesmo tempo esquemas de acção e de interacção podem ser: cascatas de luzes, paredes tácteis, projectores de imagens, luzes inteligentes, elementos interactivos, música. Este espaço proporciona um ambiente seguro e libertador, motivando o auto-controlo, autonomia, descoberta e exploração, proporcionando simultaneamente efeitos terapêuticos e psicopedagógicos positivos. (ADFP)

    Gerontopsicomotricidade

    A diminuição da mortalidade bem como o prolongamento da esperança média de vida têm levado a um aumento progressivo do envelhecimento da população (Martins & Fonseca, 2001).
    O processo de envelhecimento e a sua consequência natural, a velhice, são uma das preocupações da humanidade desde o início da civilização pois as ideias e conceitos a estes associados são tão antigos quanto a própria humanidade.
    A experiência de envelhecer é um processo multifacetado, procedente de uma panóplia de mudanças fisiológicas, sociais e psicológicas. Este factores variam imenso, sendo que não ocorrem ao mesmo tempo nem são forçosamente relacionados com a idade cronológica da pessoa. No entanto, estes não ocorrem isoladamente e podem combinar-se, influenciando o futuro estado de saúde de uma pessoa idosa.
    O envelhecimento fisiológico refere-se às mudanças biológicas que se manifestam na pessoa ao longo do tempo, após ter ocorrido o término do crescimento.
    O envelhecimento e a senescência são processos complexos uma vez que, a senescência é um efeito da idade na saúde e refere-se ao declínio da capacidade física que inevitavelmente acompanha o processo de envelhecimento.
    Mesmo na ausência de doença, o processo de envelhecimento por si só pode repercutir-se no enfraquecimento geral de determinadas funções, assim como, a visão e a mobilidade, as quais posteriormente acarretam outros problemas para o idoso (Squire, 2002).
    Alguns dos mais óbvios sinais de envelhecimento dizem respeito a características físicas como o cabelo grisalho ou a queda do mesmo, o enrugamento da pele e um decréscimo da altura. As transformações sensoriais dizem respeito à diminuição da visão e audição, em conjunto com o enfraquecimento de algumas funções do sistema nervoso central.
    Relativamente aos aspectos psicológicos e emocionais, estes passam despercebidos uma vez que são normalmente descritos como "fazendo parte do processo de envelhecimento".
    Actualmente, verifica-se o alargamento do leque dos recursos disponíveis para proporcionar a esta faixa etária uma melhoria na sua qualidade de vida.
    Em suma, verifica-se que o envelhecimento é um processo contínuo e inevitável, que constitui uma etapa da vida a qual se repercute numa série de modificações somáticas, psíquicas e psicomotoras que necessitam de determinadas adaptações, contribuindo para isso diversas medidas reabilitativas activas e preventivas (Martins & Fonseca, 2001).
    Desta forma, torna-se muito importante a intervenção de profissionais da área da saúde que contribuam para a melhoria da qualidade de vida dessa população.
    Victor da Fonseca verificou, em termos ontogenéticos, que a organização psicomotora de acordo com o modelo neuropsicológico de Luria, evolui do primeiro ao terceiro bloco funcional, ou seja, da tonicidade à praxia fina, sugerindo a evolução maturacional do córtex humano, parte do tronco cerebral para os hemisférios cerebrais, dando significado ao princípio da hierarquia estrutural do cérebro (Martins & Fonseca, 2001).
    Neste sentido, o autor correlaciona a perspectiva neuropsicológica da retrogénese psicomotora, dando ênfase ao processo involutivo dos factores psicomotores no processo de envelhecimento. O mesmo afirma, também, que a imagem do corpo representa uma forma de equilíbrio entre as funções psicomotoras e a sua maturidade.
    Quanto mais o idoso tiver uma boa imagem de si, e quanto mais se sentir integrado no seu meio sócio-afectivo melhor será a sua capacidade de perceber as diferenças entre ele e o outro.
    A intervenção do psicomotricista baseia-se na percepção que o idoso tem da sua própria saúde, promovendo-a directamente mediante as actividades desenvolvidas.
    O psicomotricista deve, ainda, ter em consideração o enfoque dos aspectos positivos do idoso, aprimorando as suas capacidades e ampliando os relacionamentos sociais, a criatividade, auto-estima; centrando ainda o seu trabalho na busca de materiais adequados que vão de encontro ao bem-estar e satisfação do idoso durante o processo terapêutico (Martins & Fonseca, 2001).
    Deste modo, a finalidade da intervenção psicomotora não é rejuvenescer, mas sim proporcionar as melhores condições físicas e psicológicas para que o idoso viva com satisfação e equilíbrio.
    No trabalho com os idosos o psicomotricista tem de ter em conta as características próprias de cada um, tendo sempre presente os aspectos necessários para que as actividades lúdicas e motoras tenham resultados positivos no processo de envelhecimento.

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