I SEMINARIO DE REABILITAÇÃO PSICOMOTORA: Intervenção e Enquadramento Profissional

I SEMINARIO DE REABILITAÇÃO PSICOMOTORA: Intervenção e Enquadramento Profissional
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sábado, 20 de novembro de 2010

DIFERENTES ABORDAGENS DA PSICOMOTRICIDADE


Psicomotricidade Instrumental


Segundo Martins (2001) os psicomotricistas consideram que as potencialidades mentais, emocionais e motoras de um paciente estão em frequente interacção com o corpo, considerando-o o local de manifestação de todo o ser. Assim sendo os instrumentos de trabalhos assentam no corpo em movimento (o seu, o das crianças como meio de relação consigo mesmas, com o outro e com o envolvimento)., a manifestação do ser está nas posturas, nas atitudes, nos gestos e mímicas tomando a consciência corporal condição e instrumento da consciência de si.
A intervenção centrada numa componente instrumental tem maior fundamentação cognitiva e neuropsicológica. Privilegia, segundo Fonseca (1981), o enfoque nas situações problema, as quais são apresentadas de forma a serem vividas como situações de êxito, estabelecendo a capacidade de ruptura com os bloqueios e resistências melhorando ainda a sua auto-estima e auto-confiança. A situação problema apela á descoberta e ao pensamento divergente pois provoca um esforço de atenção, privilegiando a diferenciação das fontes de informação disponíveis e a adaptação á variabilidade do ambiente. (Martins, 2001)
Para a intervenção ser bem sucedida a situação problema deve envolver linguagem oral, quer na antecipação, quer na avaliação da actividade efectuada no final da mesma de modo a comparar o resultado desejado com o obtido tornando assim possível a criança situar as suas possibilidades em relação ao envolvimento. A demonstração deverá ser excepcional, evitando os processos sistemáticos de imitação. É necessário que entre o estímulo e a resposta exista uma fase de mediação cognitiva que favoreça os processos de análise, integração e elaboração da informação. (Martins, 2001).
Uma vez conseguida a experimentação sensório-motora, sensações ligadas ao movimento, integração tónico-postural, percepção do corpo, condições espácio-temporais e coordenação práxica dos movimentos, segundo Lapierre & Aucoutturier (1978) é tempo de aceder á representação e abstracção. Deste modo as sessões de psicomotricidade conduzem a criança do prazer do agir, ao prazer de antecipar, projectando-a no futuro. (Martins, 2001).
Segundo Martins, (2001) os materiais utilizados devem ser introduzidos, não só pela sua funcionalidade e utilização práxica mas pela produção do tipo simbólico que vão desenvolver. Para Costa, (2008) os materiais estabelecem influência no indivíduo.
pela sua forma, peso, cor, texturas, significado e recordações, o impacto proprioceptivo criado pelo material promove uma transformação no individuo actuado, esta transformação deve ser considerada como uma mais-valia pois enriquece o actuado com novas informações, porém a não possibilidade de acesso a material não implica um empobrecimento de intervenção uma vez que os instrumentos essenciais existem, a pessoa e o espaço. (Costa, 2008).
Em suma, para Onofre, (2004) os materiais " não são únicos ou exclusivos, nem limitativos", Martins, (2001) os instrumentos em psicomotricidade são constituídos pelos nossos próprios corpos, o espaço de relação, o espaço de terapia, o tempo e ritmos de sessão assim como os vários objectos disponíveis. Estes meios serão mais eficazes se existir uma atmosfera lúdica na qual o terapeuta esteja envolvido com os sujeitos intervencionados.

Psicomotricidade Relacional

A Psicomotricidade Relacional visa desenvolver e aprimorar os conceitos relacionados ao enfoque da Globalidade Humana. Procura superar o dualismo cartesiano corpo/mente, enfatizando a importância da comunicação corporal, não apenas pela compreensão da organicidade das suas manifestações, mas e essencialmente, pelas relações psicofísicas e socioemocionais do sujeito. Preza por uma abordagem preventiva, com uma perspectiva qualitativa e, portanto, com ênfase na saúde e não na doença (Vieira, Batista e Lapierre, 2005).
É uma prática que permite à criança, ao jovem e ao adulto, a expressão e superação de conflitos relacionais, interferindo de forma clara, preventiva e terapêutica, sobre o processo de desenvolvimento cognitivo, psicomotor e socioemocional, na medida em que estão directamente vinculados a factores psicoafectivos relacionais (Lapierre, 2002).
Não se trata de uma psicoterapia que põe em jogo a personalidade do sujeito através da análise de sua problemática inconsciente, mas sim, de uma descodificação de seus comportamentos actuais, evidenciando as significações simbólicas e as necessidades que expressam (Lapierre, 2002).
Define-se dessa forma, como um método de trabalho que proporciona um espaço de legitimação dos desejos e dos sentimentos no qual o indivíduo pode mostrar-se integralmente, com os seus medos, desejos, fantasias e ambivalências, na relação consigo mesmo, com o outro e com o meio, potencializando o desenvolvimento global, a aprendizagem, o equilíbrio da personalidade, facilitando as relações afectivas e sociais (Lapierre, 2002).
Introduz na sua prática o jogo espontâneo em que o corpo participa em todas as dimensões, privilegiando a comunicação não-verbal, onde, através de situações lúdicas e dinâmicas, joga com o corpo em movimento, procurando induzir situações nas quais sejam expressos actos desencadeados por sentimentos, que somente mais tarde se traduzirão em termos conscientes, as emoções em que se originaram, ou seja, num primeiro momento de forma impulsiva e inconsciente, para depois chegar ao consciente (Vieira, Batista e Lapierre, 2005).
Isto quer dizer que o comportamento e a comunicação são provocados e desencadeados por imagens de relações inscritas no corpo, com todas as matrizes sensoriais como a visão, audição, o olfacto, paladar, tacto, as sensações viscerais entre outras. Podemos aqui ressaltar o momento de relaxamento, em que o encontro consigo mesmo ou com o outro evoca imagens mentais de pessoas, lugares, músicas, cheiros e relações integradas no tempo e no espaço de algo a ser conhecido, mas também de um "eu", um
Neste contexto, o sujeito que vive é ao mesmo tempo aquele que sente, observa, percebe e toma conhecimento do que são os seus actos e os sentimentos. Estas imagens sensoriais estão sempre acompanhadas por uma presença, que significa o EU, que é o sentimento do que acontece quando o SER é modificado pelas acções vividas de aprender algo (Vayer, 1984).

Em suma, a Psicomotricidade Relacional é uma prática que permite a libertação do desejo e do prazer de ser e de comunicar.

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